Prólogo

Todos têm segredos, dores, uma ferida cicatrizada... Digo, quase todos, Vanessa, por exemplo, guarda um segredo consigo há dois anos. Um segredo que vem a matando desde então, que a corrói por dentro e aos poucos foi acabando com tudo o que havia de bom nela.

Aconteceu há quase três anos, em uma noite de sexta feira, Vanessa tinha quinze para dezesseis anos, era verão e Taylor, seu irmão mais novo, estava fazendo uma festa para comemorar a vitória do jogo que ele tinha ganho. Os Wildcats eram o melhor time da cidade e tinham como seu capitão, Ian Somerhalder, o garoto mais bonito e popular da escola, porém, o mais sedutor e perverso também. Vanessa era louca por ele, e aparentemente, ele por ela, já fazia 1 ano que os dois namoravam. 

O relógio marcava 20:00 e a criadagem tinha acabado de arrumar a casa para a festa, arrastar móveis, preparar os ponches quando o time de futebol chegou em um conversível vermelho. Do lado do motorista saí Ian, ele estava com uma calça jeans escura, camiseta preta, jaqueta e botas, seus olhos eram azuis e marcantes, ele tinha o sorriso de tigre em seu rosto e o balançar de seu andar mostrava superioridade. Vanessa estava pegando um ponche quando é surpreendida pelos braços fortes de Ian que a abraçam por trás:

- Sentiu minha falta? – seu tom de voz era sedutor.

- Ian... – sussurrou Vanessa colocando as mãos sobre o peito.

– Desculpe, não queria te assustar amor! – diz Ian abrindo um sorriso torto.

- Tudo bem – sorriu Vanessa docemente. Conforme Ian se aproximava, Vanessa sentiu o cheiro de álcool nele, a festa mal tinha começado e ele já tinha bebido o suficiente para que ela sentisse. – Você bebeu Ian? – pergunta Vanessa com firmeza, enrugando a testa e se afastando dele.

- Ah relaxa Nessa – responde ele colocando seus braços ao redor dela e a puxando para mais perto. – Venha, vamos dançar... diz Ian com um sorriso simpático. Vanessa não conseguia dizer não a Ian, não quando ele usava aquele sorriso torto e perfeito á ela. 

Uma música lenta começou e Ian foi aproximando seu rosto ao de Vanessa com um sorriso gentil e assim selaram um beijo delicado. As mãos de Ian seguraram firmemente a cintura de Vanessa, colando seus corpos e fazendo Vanessa entrelaçar seus dedos nos cabelos de Ian, aprofundando o beijo. Os lábios e a língua de Ian tinham gosto de álcool, mas ela não se importou, ele beijava bem demais para que Vanessa parasse o beijo por causa disso.

– Hey... – Ian afasta o rosto de Vanessa a segurando na nuca. – Venha, quero te mostrar um lugar... – Sorriu.

– Onde? – perguntou Vanessa curiosa

– Venha! – exclamou Ian a pegando pela cintura e a guiando até o jardim, atravessaram a rua e seguiram pra próxima esquina, havia um tipo de mata aberta, uma área de preservação do bairro. Ian puxou Vanessa de modo que ela ficasse de frente para ele e de costas para as árvores, ele segurou sua cintura e a puxou para mais um beijo, Vanessa o correspondeu de bom grado, mas sem entender porque ele havia levado ela até lá.

– Amor, o que queria me mostrar? – pergunta Vanessa inocente.

– Nada... Só queria ficar sozinho com você. – Responde Ian a puxando para mais perto dele e continuou andando a levando para algum lugar até que as costas de Vanessa bateram em uma árvore. Ian a pressionou mais contra o tronco e começou a beijá-la, Vanessa o correspondeu, mas não como antes. As mãos dele entraram por debaixo da blusa de Vanessa a fazendo gelar, ela parou de corresponder o beijo e afasta seu rosto.

– Ian... – O repreendeu.

– Qual é gata? – diz Ian descendo os beijos para seu pescoço, friccionando seus quadris contra a intimidade de Vanessa, deixando bem clara sua intenção.

– Ian, eu não quero! – Relutou Vanessa, mas Ian não a escutou, apenas continuou em seu pescoço, a beijando e a mordendo e suas mãos já estavam debaixo da blusa da Vanessa, a apertando com tanta força que chegava a doer. – Ian, está me machucando. – Rebateu Vanessa, mas ele agarrou seus braços com força e a jogou novamente contra o tronco com mais força ainda, o que com certeza a ocasionaria um belo hematoma no dia seguinte pela dor que Vanessa sentiu. – Ian pare com isso! – Gritou. Ian continuou a não a escutar e suas caricias se tornavam cada vez mais ousadas, suas mãos apertavam os seios de Vanessa com força e ficava cada vez mais forte quando ela se debatia. – Socorro! – Vanessa começou a chorar desesperadamente e um grito de dor saiu de sua garganta quando ele a mordeu. – Alguém me ajuda! – Vanessa já estava perdendo as forças, não conseguia mais lutar, Ian era muito mais forte e maior que ela.

– Socorro! – Gritou.

– Shhhhhhhh! – Falou Ian irritado dando um tapa em Vanessa. – Cala a boca, fica quieta! – Gritou Ian.

– Por favor, Ian, me deixe sair... – Implorou Vanessa, seu rosto ardia devido à força com a qual o tapa lhe foi acertado. – Não faça isso, por favor!

– Eu sei que você quer...

– Não, eu não quero, por favor, pare! – Gritou ela chorando, levando outro tapa só que dessa vez mais forte que o anterior fazendo Ian cortar o lábio inferior de Vanessa e sangrar. - Eu mandei você ficar quieta! – Ian pressionou Vanessa com mais força contra a árvore e a ergueu mais para cima e mesmo por baixo da roupa fez sua pele arranhar por causa do tronco da árvore, Vanessa gemeu um “ai” de dor. Ela tinha certeza de que seu corpo iria estar todo marcado no dia seguinte devido à força e a brutalidade de tudo. As mãos de Ian saíram de seus seios e de sua cintura e foram para o botão dos jeans de Vanessa, e assim ele foi aberto. Ian abaixou a calças e a calcinha de Vanessa de uma vez, deixando rastros ardidos com a unha durante o caminho. Em seguida ele fez o mesmo com sua própria calça e voltou à pega-lá na mesma posição de antes, agarrando suas coxas com força. Ian segurou a cintura de Vanessa com um braço e com a mão livre tampou a boca dela. De uma só vez Vanessa senti algo extremamente duro e grande entrar dentro dela, fazendo-a gritar. Aquilo não podia estar acontecendo...

Nojo e dor eram as únicas coisas que Vanessa conseguia sentir. Ela estava com nojo de si mesma, sentia repulsa de seu próprio corpo e do cara que estava provocando a ela tamanha dor. Vanessa desejou com todas as suas forças voltar no tempo e não ter se apaixonado por ele, nunca ter conhecido ele. Ela sabia que Ian não era a melhor pessoa do mundo, conhecia sua personalidade, mas nunca havia imaginado isso. 

Quando aquilo finalmente acabou, Ian apenas se afastou de Vanessa, ela caiu no chão. Rapidamente Vanessa se encolheu no chão enquanto Ian se arrumava. Seu corpo inteiro ardia, latejava de tanta dor e Vanessa tinha certeza de que estava sangrando.

– Você sabe que se abrir essa linda boquinha ninguém vai acreditar... – Ian se agachou frente a frente com Vanessa e ela apenas levantou o olhar para olhá-lo. – Então... – Riu Ian irônico, dando um beijo nos lábios de Vanessa e saindo a deixando desolada no chão de terra.

- Srta. Vanessa! Srta. Vanessa! – a voz alta de Dorota fez Vanessa acordar, resmungar algo e virar seu corpo para o outro lado da cama. Dorota se direciona as cortinas, abrindo-as e deixando a luz entrar. Vanessa então tira a venda dos olhos e resmunga:

- O que está acontecendo? – diz com a voz manhosa e com os olhos cerrados por conta da luz que invadia seu quarto.

- Você teve um pesadelo e o clube da cama acabou. Primeiro dia de aula. – responde Dorota com firmeza e tentando puxar o edredom que Vanessa segurava com força.

- Eu não posso Dorota, não me sinto muito bem – diz Vanessa manhosa, puxando seu edredom dessa vez com força e virando para o outro lado da cama de novo. 

- Ashley já está vindo te buscar e ficará furiosa se te ver ainda deitada – chantageia Dorota. Vanessa pensa e conclui que Ashley ficaria realmente furiosa, e também precisava marcar presença em seu primeiro dia de aula, afinal, ela era a Queen V. Ela respira fundo e se coloca sentada.

- Está bem, já vou me arrumar – diz Vanessa fazendo bico, já colocando os pés para fora da cama. Dorota se retira e Vanessa vai em direção ao seu closet vendo suas opções, porque o primeiro dia de aula no Constance High School não era a mesma coisa que o primeiro dia de aula em qualquer outro colégio normal, ela precisava estar perfeita. Vanessa acaba optando por uma saia jeans desfiada, uma blusa rendada branca, um cardigan preto de linha, touca branca, sapatilha nude de bico fino e escolhe uma bolsa da Chanel, nude também. Já vestida, Vanessa solta seus cabelos negros, ondulados e perfeitos se olhando no espelho e sorrindo, satisfeita com o resultado. Vanessa vai até sua penteadeira passando apenas um pó, blush, rímel e um gloss transparente. Pronto. Estava perfeita, como de costume. Ela então sai de seu quarto descendo as escadas apressada dando de encontro com seu irmão, Taylor.

- Tem gente que acha que vai pra um desfile de moda – diz Taylor provocando Vanessa com um sorriso sapeca no rosto.

- E tem gente que vai perder os dentes se continuar me provocando – retruca Vanessa com um sorrisinho irônico. Taylor que estava com um sorriso enorme no rosto, rapidamente fica sério.

- Te odeio

- Te odeio mais – responde Vanessa terminando de descer as escadas e indo em direção à porta, onde Ashley já estava entrando. Ashley e Vanessa eram melhores amigas, se consideravam irmãs e se conheciam desde a infância. Ashley tinha cabelos ondulados e loiros, fazia o estilo espontâneo e esportivo, sem deixar seu charme e sua elegância de fora. 

- Nessa, vim tomar café com você, minha mãe está numa dieta maluca e não tem nada pra comer em casa. Pior é que ela obriga todos da casa a fazerem a dieta também, acredita? – questiona Ashley incrédula fazendo uma careta e indo em direção a Vanessa para lhe dar um abraço rápido.

- Oh se acredito! Da tia Lisa eu não duvido nada. – responde Vanessa rindo fazendo Ashley rir também. Após tomar o café, Vanessa se levanta e pega sua bolsa indo em direção à porta.

- Ashley! Vamos! Senão vamos chegar atrasadas e eu não estou a fim de ouvir sermão no primeiro dia. – grita Vanessa já na porta, esperando Ashley que ainda se encontrava na mesa do café. 

- Já voooou – responde Ashley dando os últimos goles em seu iogurte e se levantando, indo em direção à Vanessa que se encontrava impaciente. – Vamos?

- Só pra constar, nós vamos a pé ta? – diz Vanessa saindo de sua casa

- Ah, sério que vou ter que gastar os lindos saltos da minha bota andando até lá V? – pergunta Ashley abaixando os ombros em desânimo.

- A não ser que você vá até o Hawaii acordar o George, meu motorista, para podermos ir de carro... Sim, vai ter que gastar o salto das suas lindas botas – responde Vanessa sorrindo docemente a Ashley.

- Hummm, o George ta no Hawaii é? – pergunta Ashley rindo.

- Pra você ver, soube até que arrumou uma namorada por lá. – responde Vanessa rindo, fazendo Ashley rir também. Chegando a porta do colégio, Ashley é a primeira a entrar e a deixar Vanessa para trás, pois ela sabia que a entrada de Vanessa no colégio, era algo exclusivo dela.

As portas do Constance High School se abrem e a multidão de pessoas que conversavam, de repente ficam caladas, Vanessa sentindo todos os olhares direcionados a ela, solta um meio riso, erguendo a cabeça em sinal de superioridade e arqueando uma das sobrancelhas. Vanessa começa a andar sobre os corredores enquanto as pessoas iam dando passagem a ela, alguns acenavam em desespero por um simples “oi”, outros tinham o olhar de inveja. Alguns garotos com a boca aberta faziam comentários como “linda”, “gostosa”, “ô lá em casa”, e algumas garotas diziam “ela é tão diva”, “a bolsa dela é da Chanel”, “olha como ela é magra”, “os cabelos dela brilham tanto”, “ela é uma vadia”, “ela é o diabo em forma de gente”. Vanessa ao ouvir cada comentário pouco se importava, pois ela não precisava de nenhuma dessas bajulações pra saber o quanto ela é linda. E vadia. E quando eu digo vadia, não quero dizer que ela pegava todos os garotos do colégio e usava roupas indecentes, mas sim que ela mandava em todos, e passava por cima de tudo pra conseguir o que queria, nem que precisasse humilhar prejudicar e jogar sujo até com as pessoas que ela se importa.

Vanessa chega em seu armário, pega os livros que precisaria para aquele dia e vai para a sala de aula, por sorte o professor de História ainda não estava presente, ela se senta na primeira carteira, em frente a Ashley. Na sua esquerda estava Taylor com seus lindos cachos dourados, e em sua direita Victoria com suas madeixas loiras e seu sorriso impecável. Ashley cutuca Vanessa, que vira seu corpo para ouvir o que ela iria dizer.

- Já ta sabendo da novidade? – pergunta Ashley entusiasmada.

- Não, que novidade? – responde Vanessa curiosa. 

- Eu soube que entrou um garoto novo na escola, e melhor, de olhos claros e loiro – diz Ashley cheia de entusiasmo.

- E daí? – pergunta Vanessa indiferente. Victoria ouve as duas cochicharem chega mais perto para ouvir também.

- Qual é o babado gente? – pergunta Victoria curiosa e com um tom de voz alto.

- Shhhhhhhhh!! – repreende Ashley.

– Fala baixo Vic! – exclama Vanessa.

- Desculpem – diz Victoria encolhendo os ombros, ela vê que Taylor estava sozinha escrevia algo no caderno – Tay, que tal parar de escrever o nome do irmão da Nessa no seu caderno e vir ouvir o babado também? – pergunta Victoria rindo e fazendo Ashley e Vanessa rirem também.

- Há-Há – imita Taylor uma risada falsa – Primeiro que eu não gosto de fofoca , e segundo, eu não estou escrevendo o nome dele, é só uma música – diz Taylor indiferente.

- Tá bom – diz Victoria irônica.

- Enfim gente, deixa eu contar – fala Ashley fazendo Victoria e Vanessa se curvarem em sua mesa, para ouvir melhor. – Vic, eu estava dizendo pra Vanessa que entrou um garoto novo na escola e que... – elas foram interrompidas pelo Sr. Saltizman que tossiu chamando a atenção delas.

- Interrompo? Srta. Tisdale, Srta. Hudgens. Srta. Benson? – pergunta ele em tom severo. Vanessa muito indiferente diz:

- Não senhor, pode continuar – diz se virando para frente.

- Muito bem... – diz Sr. Saltzman prosseguindo com a aula. O sinal bate horas depois e todos vão ao pátio para o intervalo, todos conversavam calmamente até que Ashley pergunta:

- E você Nessa? – pergunta Ashley sutilmente.

- O que é que tem eu? – questiona Vanessa olhando com curiosidade para Ashley.

- Ah, você tem todos os garotos da escola aos seus pés, alguns até morreriam por um simples “oi” seu e nenhum deles te interessa? – pergunta Ashley de novo com sutileza, pois sabia que era um assunto delicado para Vanessa.

- Ah..isso. – responde Vanessa abaixando a cabeça – Você sabe que o meu último relacionamento não foi bem sucedido e que ainda tenho traumas com isso – diz Vanessa. 

- Você tem que esquecer esse cara V, isso é passado, já fazem 2 anos. Eu sei o que ele te fez, e sei que foi sério, mas você precisa superar – diz Ashley olhando para Vanessa com cautela. 

- O que aconteceu? – pergunta Victoria se sentando ao lado delas e interrompendo o silêncio que havia se formado.

- Nada não Vic – responde Vanessa docemente – Esperem aqui que vou ao banheiro retocar a maquiagem, é rapidinho. – diz Vanessa se levantando.

- Ta bem, não demora. – responde Ashley. Vanessa entra no banheiro, retocar a maquiagem era só uma desculpa que ela tinha dado a Ashley, a verdade é que aquela conversa tinha mexido com suas emoções e seu estômago estava entorpecido. Ela não podia, não conseguia lembrar dele e não chorar, não sentir nojo. Vanessa se apóia na pia do banheiro, sentindo seu estômago revirar, ela abre a torneira jogando água em sua nuca. Se sentindo um pouco melhor, se recompõe e vai até a porta do banheiro, de repente tudo começa a rodar e sua visão escurecer. Vanessa se prepara para cair no chão frio e duro, mas não, ela é surpreendida por braços fortes que a seguram.

- Você está bem? – pergunta uma voz doce misteriosa.

- Eu...eu não...eu não sei – responde Vanessa ainda entorpecida. Aquela pessoa cujos braços eram fortes tinha um aroma delicioso, cheirava a baunilha e hortelã. Vanessa se esforça para ver quem é, pois seus olhos estavam embaçados por causa da tontura, quando ela recupera suas vistas, se surpreende com a beleza do rapaz. Ele tinha cabelos loiros, lábios avermelhados e os olhos mais azuis do que o mar, e dentro daqueles olhos... Vanessa se perdeu. Ela se esforça para conseguir falar, ela precisava saber:

- Quem é você?